O Sertão deste ano me trouxe uma série de reflexões, além de lindas experiências com o Criador. Estivemos em Andaraí (BA) no mês de janeiro e fomos muito bem recebidos pelos moradores da cidade. Além de nos receber em suas casas, os moradores de Andaraí nos dedicaram boa parte de seu tempo e sua atenção.
Eu já participei de outros projetos missionários, mas tem uma coisa no Sertão que eu valorizo muito: a chance de criar relacionamentos com as pessoas do lugar, fazer parte das suas vidas, mesmo que brevemente. Conheci pessoas guerreiras, trabalhadoras, que tem sonhos simples, vida humilde e corações abertos, curiosos para entender o misterioso propósito de Deus com suas vidas. É muito bom ouvir suas histórias, conhecer suas dores, suas esperanças e perceber o quanto somos próximos, ou melhor, o quanto a nossa humanidade nos aproxima. Faz até lembrar uma citação do Augusto Cury no Vendedor de Sonhos: “Somos todos crianças brincando no teatro do tempo”.
Algumas vezes senti dúvidas e até dor, me questionava se estava gerando frutos maduros ou não, se eu realmente estava conseguindo transmitir a mensagem para as pessoas e estas entendendo corretamente. Com o tempo fui vendo que a solução era orar, discipular e depender de Deus, confiar a Ele os frutos, afinal, é Ele quem dá o crescimento.
Também foi um tempo de reflexão, de auto avaliação e despertamento. Digo reflexão porque querendo ou não, eu sempre comparo os projetos (alguns dizem que não vale a pena fazer isso, que cada projeto é único e talz, mas eu faço). Inevitavelmente a auto avaliação e o despertamento estão imbricados. Pena que só depois a gente percebe algumas coisas. Agora eu vejo que podia ter me dedicado mais, amado mais as pessoas, passado mais tempo com meus discípulos, orado mais por eles, dentre outras coisas. Porém nem tudo isso se refere ao passado não, o maior desafio Deus me lançou agora: sonhar e amar missão no cotidiano, porque é aí que somos quem somos, que tendemos a viver mecanicamente e deixar de lado as promessas Dele.
O bom é que Deus é tolerante e generoso e, como um excelente mestre que é, está sempre pronto para me ensinar, mesmo quando eu (na minha santa ignorância) não estou lá muito disposta a aprender. O mestre está sempre pronto. Mas digo que o melhor de tudo no sertão é: ver os frutos! Nossa, é a coisa mais linda do mundo!!! Ver as pessoas com fome da palavra, aprendedo os princípios básicos de uma nova vida com Cristo, com interesse de saber como é a vida de um cristão e como Deus (que parecia uma figura distante) pode ser tão presente.
Mais uma vez o projeto sertão me esculpiu, como cristã, como ser humano e social. Me enriqueceu com a diversidade de experiências, de convivências e de conhecimentos. A gente acaba recebendo mais do que dando, sem dúvidas.
Dayeny Sabino.